Apesar de em algumas vezes parecer ser a mesma coisa, é possível observar diferenças entre estes dois tipos de comportamentos. É muito comum ouvir de alguns pais que o seu filho apresenta crises quando frustrada, e a partir desse tipo de relato, já ressalto que a birra é uma atitude intencional, utilizada como estratégia para conseguir algo.

Inicialmente vamos a características de ambas:
Birra: é quando a criança quer alguma coisa e utiliza comportamentos disruptivos, inadequados para conseguir o que quer, é um comportamento aprendido pelas experiências vividas;
Crise: geralmente está relacionada a uma alteração sensorial, lembrando que as crianças com autismo possuem alterações no processamento sensorial e neste caso o cérebro não consegue organizar os estímulos sensoriais que recebe. Porém a crise também pode estar relacionada a sobrecarga emocional, ou seja, a crise é desencadeada por eventos externos.
A birra pode ser definida como um comportamento originado de algum descontentamento, geralmente acompanhado de choros, gritos e outras atitudes. Vale ressaltar que a birra está presente na infância como um todo, portanto também está presente em crianças com autismo, por isso temos que ter claro que nem tudo no autismo é crise e nem toda crise é birra!
Diferente da birra, a crise não é proposital e muito menos uma estratégia para se conseguir algo e a crise tende a cessar após um desgaste emocional, o que nem sempre é a melhor resposta, devido a exaustão que pode ser gerada na criança. Um dos recursos que podem auxiliar a acalmar a criança no momento da crise é identificar os gatilhos que precedem a essa crise. Essa estratégia pode ajudar a evitar o episódio ou a manejá-lo de uma melhor maneira. Já no caso da birra é muito importante avaliar qual o objetivo da criança para não reforçar tal comportamento, para que a criança compreende que aquele comportamento não tem função social.
Além disso, quando falamos de alterações sensoriais, temos que associar diretamente a necessidade de acompanhamento de um terapeuta ocupacional, que trabalhe com integração sensorial.
Vale reforçar que uma birra (nem todas) pode se intensificar ao ponto de chegar a uma crise, por isso é necessário realizar manejo comportamental adequado, extinguir comportamentos inadequados para que não cheguem a uma sobrecarga sensorial. Portanto, o ideal é o acompanhamento de um psicólogo comportamental para trabalhar questões relacionadas ao comportamento de birra, juntamente com o terapeuta ocupacional para regulação sensorial.
É muito importante ter clareza que crise e birra são coisas diferentes e por esse motivo as estratégias para lidar com cada uma delas também são diferentes!
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