Comportamento Verbal
- Valéria Rodrigues
- 1 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de ago. de 2020
Skinner usou o termo Comportamento Verbal para se referir a todos os tipos de comportamentos considerados comunicativos. Comportamento verbal é visto como um comportamento influenciado pelas mesmas variáveis ambientais que influenciam todos os outros comportamentos (SKINNER, 1957).
Para entender melhor o significado de comportamento verbal, vamos exemplificar em quando a criança emite algum tipo de som (incluindo choro) e ela acaba produzindo algum efeito sobre os pais, que reagem a esses sons, por exemplo: se a criança faz um som e a mãe a alimenta, no futuro, quando estiver com fome, a criança fará o mesmo som.

Inicialmente temos que entender que apenas repetir palavras aleatoriamente não significa que a criança tenha o comportamento verbal, até porque palavras aleatórias podem não ter uma função comunicativa, ou seja, uma das maiores dificuldades da criança com autismo não é apenas repetir palavras, mas sim obter a fala social, que seria usar palavras em um contexto social, de forma funcional. Portanto entendemos a fala como um comportamento, o comportamento de falar ou de querer se falar, lembrando que dentro do comportamento verbal incluímos também a comunicação por gestos. O ideal é que a criança aprenda esta fala social até os 4/5 anos de idade, depois disso a probabilidade de ensinar este comportamento diminui devido entre outros fatores a neuroplasticidade que é a capacidade que o cérebro tem de se "moldar".
"Comportamento verbal está diretamente ligado em a criança perceber a função da fala, bem como sentir a necessidade de falar".
Em geral, as primeiras palavras são adquiridas por volta dos 12 meses de idade, em média (entre 10 a 13 meses), dependendo do ambiente, ao qual a criança está exposta, e da riqueza de estímulos deste ambiente. No período dos 12 aos 18 meses segue-se um desenvolvimento lento e gradual do vocabulário produtivo, de aproximadamente 10 palavras novas por mês. Durante este período, portanto, a criança acumula um repertório verbal de cerva de 50 a 60 palavras. Ao final deste período a velocidade de crescimento aumenta - é a chamada "explosão" do vocabulário. O que acontece neste período é que as crianças começam a aprender palavras novas diariamente, após um número gradativamente menor de exposições a elas, e passam a produzir até nove palavras novas por dia (Gândara & Befi-Lopes, 2010). Ao atingirem 24 meses de idade, portanto, as crianças são capazes de produzir mais de 200 palavras e, aos trinta meses, mais de 500 palavras (Gândara & Befi-Lopes, 2010).
É importante também identificar as possíveis barreiras existentes para o ensino da fala. Se observarmos que uma criança não apresenta a fala, não significa que ela não tenha aprendido a se comportar de outras maneiras, que podem ter substituído a fala de forma funcional, ou ainda, comportamento que são incompatíveis com a aprendizagem da fala (Goyos, 2018). Abaixo apresentamos uma relação das principais barreiras importante a considerar:
Barreiras para a aprendizagem e aquisição de linguagem modificada, de Sundberg (2008, Tabela 1-6, p. 100):
Precocidade e Intensidade do tratamento: 40 horas semanais;
Comportamentos-problemas e inadequados tais como birras, agressividade;
Autoestimulação/estereotipias/ecolalias;
Ausência/falha de controle instrucional;
Ausência de contato visual;
Ausência do apontar;
Ausência de imitação motora generalizada;
Ausência de ecoicos (repetição de sons);
Ausência do comportamento de ouvinte (ouvir com significado);
Reforçadores reduzidos (falta de motivação para falar);
Ausência/inadequação de mandos (fazer pedidos);
Ausência de tatos (nomeação);
Ausência de intraverbal (responder perguntas);
Problemas de articulação;
Ausência/falha de discriminações simples e condicionais;
Ausência de respostas de escolha;
Dependência de dicas;
Ausência de generalização;
Ausência/falha de comportamento social;
Excesso/falta de defesas sensoriais;
Problemas com reforçadores: dependência ou restrições.
Referências:
Gândara, J. P., & Befi-Lopes, D. M. (2010). Tendências da aquisição lexical em crianças em desenvolvimento normal e crianças com alterações específicas no desenvolvimento da linguagem. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 15(2), 297-304.
Goyos, C. ABA: Ensino da fala para pessoas com autismo. -1. ed. São Paulo: Edicon, 2018.
Skinner, B. F. Verbal behavior. Cambridge, MA: Prentice Hall, 1957.
Sundberg, M. L. (2008) Verbal behavior milestones assessment and placement program: The VB-MAPP. Concord, CA: AVB Press.
Boa leitura!