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Comportamento Verbal

Atualizado: 24 de ago. de 2020

Skinner usou o termo Comportamento Verbal para se referir a todos os tipos de comportamentos considerados comunicativos. Comportamento verbal é visto como um comportamento influenciado pelas mesmas variáveis ambientais que influenciam todos os outros comportamentos (SKINNER, 1957).


Para entender melhor o significado de comportamento verbal, vamos exemplificar em quando a criança emite algum tipo de som (incluindo choro) e ela acaba produzindo algum efeito sobre os pais, que reagem a esses sons, por exemplo: se a criança faz um som e a mãe a alimenta, no futuro, quando estiver com fome, a criança fará o mesmo som.

Inicialmente temos que entender que apenas repetir palavras aleatoriamente não significa que a criança tenha o comportamento verbal, até porque palavras aleatórias podem não ter uma função comunicativa, ou seja, uma das maiores dificuldades da criança com autismo não é apenas repetir palavras, mas sim obter a fala social, que seria usar palavras em um contexto social, de forma funcional. Portanto entendemos a fala como um comportamento, o comportamento de falar ou de querer se falar, lembrando que dentro do comportamento verbal incluímos também a comunicação por gestos. O ideal é que a criança aprenda esta fala social até os 4/5 anos de idade, depois disso a probabilidade de ensinar este comportamento diminui devido entre outros fatores a neuroplasticidade que é a capacidade que o cérebro tem de se "moldar".

"Comportamento verbal está diretamente ligado em a criança perceber a função da fala, bem como sentir a necessidade de falar".

Em geral, as primeiras palavras são adquiridas por volta dos 12 meses de idade, em média (entre 10 a 13 meses), dependendo do ambiente, ao qual a criança está exposta, e da riqueza de estímulos deste ambiente. No período dos 12 aos 18 meses segue-se um desenvolvimento lento e gradual do vocabulário produtivo, de aproximadamente 10 palavras novas por mês. Durante este período, portanto, a criança acumula um repertório verbal de cerva de 50 a 60 palavras. Ao final deste período a velocidade de crescimento aumenta - é a chamada "explosão" do vocabulário. O que acontece neste período é que as crianças começam a aprender palavras novas diariamente, após um número gradativamente menor de exposições a elas, e passam a produzir até nove palavras novas por dia (Gândara & Befi-Lopes, 2010). Ao atingirem 24 meses de idade, portanto, as crianças são capazes de produzir mais de 200 palavras e, aos trinta meses, mais de 500 palavras (Gândara & Befi-Lopes, 2010).


É importante também identificar as possíveis barreiras existentes para o ensino da fala. Se observarmos que uma criança não apresenta a fala, não significa que ela não tenha aprendido a se comportar de outras maneiras, que podem ter substituído a fala de forma funcional, ou ainda, comportamento que são incompatíveis com a aprendizagem da fala (Goyos, 2018). Abaixo apresentamos uma relação das principais barreiras importante a considerar:


Barreiras para a aprendizagem e aquisição de linguagem modificada, de Sundberg (2008, Tabela 1-6, p. 100):



  • Precocidade e Intensidade do tratamento: 40 horas semanais;

  • Comportamentos-problemas e inadequados tais como birras, agressividade;

  • Autoestimulação/estereotipias/ecolalias;

  • Ausência/falha de controle instrucional;

  • Ausência de contato visual;

  • Ausência do apontar;

  • Ausência de imitação motora generalizada;

  • Ausência de ecoicos (repetição de sons);

  • Ausência do comportamento de ouvinte (ouvir com significado);

  • Reforçadores reduzidos (falta de motivação para falar);

  • Ausência/inadequação de mandos (fazer pedidos);

  • Ausência de tatos (nomeação);

  • Ausência de intraverbal (responder perguntas);

  • Problemas de articulação;

  • Ausência/falha de discriminações simples e condicionais;

  • Ausência de respostas de escolha;

  • Dependência de dicas;

  • Ausência de generalização;

  • Ausência/falha de comportamento social;

  • Excesso/falta de defesas sensoriais;

  • Problemas com reforçadores: dependência ou restrições.


Referências:

  1. Gândara, J. P., & Befi-Lopes, D. M. (2010). Tendências da aquisição lexical em crianças em desenvolvimento normal e crianças com alterações específicas no desenvolvimento da linguagem. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 15(2), 297-304.

  2. Goyos, C. ABA: Ensino da fala para pessoas com autismo. -1. ed. São Paulo: Edicon, 2018.

  3. Skinner, B. F. Verbal behavior. Cambridge, MA: Prentice Hall, 1957.

  4. Sundberg, M. L. (2008) Verbal behavior milestones assessment and placement program: The VB-MAPP. Concord, CA: AVB Press.


Boa leitura!

 
 
 

2024 - Valéria Rodrigues

Balneário Camboriú: Rua 1542, 328 - Centro, Balneário Camboriú/SC

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