Progresso da Criança
- Valéria Rodrigues
- 24 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Um dos pontos mais importantes e que infelizmente nem sempre é considerado pelas famílias e inclusive por alguns terapeutas, é o controle sistemático da evolução da criança. Por mais que algumas vezes pareça ser possível mensurar a evolução da criança apenas pela observação, somente é possível garantir que o trabalho está sendo realizado de acordo com a ciência ABA (Análise Comportamental Aplicada), através do controle fidedigno de protocolos de registro de cada programa (treino) realizado.

Além de ser possível avaliar o progresso da criança de forma numérica e/ou gráfica, é através do monitoramento dos protocolos de registro, que o terapeuta pode avaliar quando deve conduzir a redução ou a retirada total dos níveis de ajuda, retirar o uso de reforço ou mesmo prosseguir para o ensino de uma nova habilidade. Em suma, todo o trabalho analítico do Analista do Comportamento, deve ser baseado nos protocolos de registro, em conjunto com a análise das sessões gravadas e supervisionadas, para garantir assim a aplicabilidade correta da ciência e o desenvolvimento da criança.
Sem o registro, não é possível ter uma visão meticulosa do desenvolvimento da criança, o que não permite saber a hora de seguir para outro programa.
É válido também complementar que não há um protocolo de registro padrão a ser utilizado pelos terapeutas, sendo que os itens que compõe os protocolos e que por consequência irão nortear os gráficos e as análises, são escolhidos ou desenvolvidos por cada terapeuta. Pode-se tomar como base geral, que em sua maioria os protocolos serão compostos, por um número de tentativas, um estímulo discriminativo, por um controle de resposta e por um controle de consequências. Desta mesma forma, podemos ressaltar que o critério de aprendizagem poderá também variar. Lembrando que o registro também é necessário nos ensinos de forma naturalista.
De acordo com Goyos, 2018, é preciso que se estabeleça um critério de aprendizagem, ou seja, quando o terapeuta considera que a criança adquiriu o comportamento em questão, quando concluiu o ensino do comportamento e pode progredir na programa de ensino.
Linha de Base
Entende-se por linha de base, o ponto de partida ou o registro inicial a ser aplicado com a criança, para assim poder iniciar o programa (ensino de novas habilidades). Deve-se criar uma linha de base antes do início propriamente dito do processo terapêutico, buscando compreender o que a criança pode realizar sem nenhum tipo de ajuda. A linha de base é necessário principalmente quando partimos da ideia de que a defasagem de alguma habilidade pode estar em sua intensidade ou frequência, por isso é imprescindível saber qual a qualidade de determinada habilidade e não apenas se a criança a executa ou não.
Vamos a um exemplo:

Antes de iniciar a aplicação de um protocolo de ensino, é realizado a aplicação de um protocolo de teste, sem oferecer nenhum tipo de ajuda para a criança apresentar determinada habilidade. Vamos simular que em um teste de contato ocular (olhar quando chamado), o terapeuta (de acordo com todos os preceitos previstos na ciência ABA) chama o nome da criança 10 vezes (sendo então 10 tentativas) e a criança concede 2 respostas corretas (olha 2 vezes para o terapeuta), desta forma o ponto de partida ou a linha de base seria 20% de resposta positiva. Após realizar a linha de base, inicia-se o processo de ensino, mensurando a evolução a partir destes 20%.
A Participação da Família
Os pontos mais importantes para a evolução de uma criança são: as técnicas utilizadas pelos profissionais, a ciência e o acompanhamento da família no processo terapêutico. Cabe ao terapeuta explicar em linguagem simples e objetiva, as habilidades que estão sendo trabalhadas com a criança, bem como explicar a necessidade e a importância de cada habilidade. Por muitas vezes, a família pode trazer percepções sobre determinada habilidade, como por exemplo, "mas meu filho olha nos meus olhos, então qual a necessidade de instalar essa habilidade nele?", sendo que quando avaliado, a qualidade, a frequência e a intensidade com que a criança entrega determinada resposta, é insuficiente para atender o critério de aprendizagem, o que irá impactar diretamente na instalação das demais habilidades.
Vale ressaltar também que todo o processo terapêutico precisa ser o mais transparente possível, e que cabe a família participar de todo o processo bem como confiar no trabalho do terapeuta e quando houver dúvidas, questionar SEMPRE!
Para baixar o modelo de Protocolo de Registro clique aqui!
Assista o vídeo completo sobre os 3 Passos para Medir a Evolução da Criança em nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=eiDrRzKb3QE
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Referências:
Goyos, C. ABA: Ensino da fala para pessoas com autismo. -1. ed. São Paulo: Edicon, 2018.
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