Uso de Eletrônicos
- Valéria Rodrigues
- 21 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de ago. de 2020
Quando as crianças estão olhando para telas (celular, tablet e televisão), elas estão perdendo diversas oportunidades de praticar e dominar outras habilidades importantes e fundamentais para o processo de aprendizagem, como por exemplo, estão deixando de observar e imitar, que são fundamentais para aprender qualquer nova habilidade, o que poderá impactar diretamente as interações sociais.

Há também outros pontos de atenção, pois o uso de eletrônicos em excesso na infância impactam diretamente a aprendizagem natural, os processo cognitivos, a motricidade, e também na estimulação da própria criatividade.
De Acordo com a Doutora Ana Escobar (2019), nascemos com todos os nossos trilhões de neurônios formados. Estes neurônios, porém, não estão “conectados”. Até os 2 anos de idade a capacidade de conexão neuronal é absurdamente intensa. Cada conexão se chama sinapse. Cada bebê é capaz de fazer 700 sinapses por segundo. Isso se chama neuroplasticidade. Estas sinapses é que nos permitem desenvolver nossas capacidades cognitivas e habilidades físicas, essenciais para o processo do desenvolvimento.
Pois bem, para que os bebês formem estas sinapses, os vínculos afetivos e os estímulos gerados pelo contato com as pessoas são absolutamente essenciais. Acredita-se que o uso de telas em crianças pequenas, com menos de 2 anos, interfere negativamente neste processo.
Quanto tempo de tela é considerado excessivo?
Inicialmente falando de crianças mais novas, temos que adiar cada vez mais o acesso que essas crianças tem a esses equipamentos.
Apesar de não haver uma orientação técnica de Organização Mundial de Saúde (OMS), sobre o tempo que as crianças podem ter de tela, a maioria dos estudos relacionados ao assunto sugere:
Menos de 2 anos: Para crianças com menos de 2 anos, evite qualquer uso de tela;
De 2 a 5 anos: Para crianças de 2 a 5 anos, o uso de telas deve ser limitado a uma hora por dia, sempre priorizando programas e aplicativos de qualidade, que contribuem de certa forma para o desenvolvimento da criança, sendo positivo os pais assistirem com os filhos;
De 6 a 10 anos: Para crianças de 6 anos a 10 anos o uso de telas deve ser limitado a duas hora por dia;
Acima de 11 anos: Para crianças acima de 11 anos o uso de telas deve ser limitado a três hora por dia, imponha limites consistentes, garantindo que o tempo de tela não atrapalhe o sono e as atividades físicas.
O Colégio Real de Pediatria e Saúde Infantil (RCPCH), composto por pediatras do Reino Unido, publicou no início de 2019, algumas diretrizes referentes ao uso de eletrônico na infância, porém não estabeleceu limites e aconselhou as famílias a refletirem sobre algumas questões. Com base nestas questões levantamos algumas dicas para serem praticadas na redução do tempo de tela:
Evitar dar o eletrônico, ou a tela (televisão, tablet etc) próximo ao horário de dormir;
Não utilizar o eletrônico paralelamente a outras atividades (como por exemplo no horário das refeições);
Defina inicialmente qual o tempo/carga horária que a criança terá acesso ao eletrônico;
Conciliar o horário que a criança irá utilizar o eletrônico com o mesmo momento que será praticado o home office (trabalho em casa) quando houver;
Criar histórias sociais, incluindo na rotina o horário do eletrônico, auxiliando dessa maneira que a criança possa visualizar na sua rotina o momento do eletrônico;
Utilize sempre pistas visuais, incluindo na rotina, fotos ou imagens que auxilie a criança a associar a rotina mais facilmente;
Aumentar o tempo de qualidade nas interações sociais com a criança, quanto mais a criança se interessar pelas interações com outras pessoas, mais chances de reduzir o tempo de tela.
Que tal colocar em prática? Lembre-se que caso a criança já esteja praticando um tempo de tela excessivo ao sugerido, o processo de redução da utilização de telas, pode não ser fácil, desta forma, cabe sempre antecipar, ou seja, ir dando pequenos avisos a criança do que irá acontecer, como por exemplo, que o tempo de uso está acabando, inclusive utilizando das pistas visuais sugeridas, evitando fazer uma retirada brusca do eletrônico que acabará gerando comportamentos inadequados até que a criança consiga associar esta nova rotina.
Vale também ir reduzindo um pouco a diversão ou o interesse da criança pela ferramenta, por exemplo, ir reduzindo o volume, o brilho e a cor da tela, para que a criança vá perdendo o interesse. É sempre muito importante lembrar, que mesmo praticando todas as dicas sugeridas, caso a criança ainda assim tenha muita resistência e consequentemente birra na retirada do eletrônico, a decisão da retirada precisa ser mantida, onde os pais podem explicar que entendem o que a criança quer, mas que mesmo assim o tempo acabou. Será importante repetir isso várias vezes e dias, até que a criança compreenda e aceite que a birra neste caso, não tem impacto na regra.
Assista o vídeo completo sobre o Uso de Eletrônicos em nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Y6qF59sKYm4
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Referências:
Escobar, Ana. Crianças e o uso de telas: novas recomendações. Bem Estar. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/blog/ana-escobar/post/2019/04/29/criancas-e-o-uso-de-telas-novas-recomendacoes.ghtml
Roberts, Michelle. Celular e tablets para crianças: passar muito tempo usando eletrônicos pode prejudicar desenvolvimento. BBC News. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47036386
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